quarta-feira

                    Aceitando o fim.


E derrepente a musica deles começava a tocar, e todo aquele mar de velhas lembranças voltava a tona em sua cabeça. Ela não amava mais ele, e nem gostava, mas era uma coisa involuntária, a musica começava e ela apenas se recordava das coisas. Ela lembrava dos bons momentos, aqueles tantos momentos que ela viveu e que foram legais, e de certa forma serão inesquecíveis. As vezes, em algumas tardes eles acabavam se esbarrando por ai, ela falava normal com ele, ou pelo menos tentava falar normalmente, mas ele? Ele tinha um certo jeito de olhar-lá diferente, aquele típico olhar meio confuso, meio arrependido, e até mesmo um olhar meio perdido, não que ele ainda gostasse dela, mas se via nitidamente que ela ainda o incomodava de certa forma. As vezes isso a deixava constrangida mas nada que a fizesse se arrepender de sua escolha. A escolha de viver sem ele! Foi ela que não quis mais, foi ela quem deu o ponto final nessa história. E quem poderia dizer que ela estava errada? Quem poderia julgar-lá por uma atitude como essa? Apenas porque viveram momentos felizes, porque por anos compartilharam as mesma histórias, dividiram segredos e momentos e até porque prometeram que isso seria para sempre? Sim, ela poderia ser julgada, mas isso não justificaria nada. Ela tomo a escolha certa. Ela mais do que ninguém poderia saber o que seria melhor pra sua vida e de quebra até mesmo o que seria melhor pra vida dele. Pois ela não era cega e estava vendo que a situação não era nada agradável tanto pra ela quanto pra ele, que cada vez mais ele estava se sentindo mal a cada momento que ela dizia que ele estava diferente, que ele já não era mais a mesma pessoa com ela. As pessoas realmente mudam, mas ele estava com uma mudança diferente, e ela percebeu que a hora do Adeus já estava próxima. Ela no começo não sabia direito se realmente estava fazendo a escolha certa, em um certo momento até fraquejou, se deixou levar pelo embalo do medo de ficar sozinha. Mas conseguiu se recompor a tempo. Ele causou nela uma grande dor no final, mas nada que não pudesse ser superado. E o pra sempre aonde fica nessa história como haviam prometido? Bem, o pra sempre as vezes pode ser bem relativo, o nosso pra sempre é a gente que faz. O pra sempre poderia acabar hoje, amanhã ou quem sabe daqui a dez anos, isso depende muito das pessoas...Eles fizeram o pra sempre deles, foi eterno enquanto durou, ela sabe que foi legal, ele sabe que foi inesquecível, mas de fato as coisas boas sempre tem um fim, e essa história também teve o seu grande final. Não foi um fim trágico, ela e ele souberam compreender e notar que o fim havia chegado. Eles choraram juntos, sentiram a dor da despedida mas aceitaram esse final. No momento final, eles se olharam nos olhos profundamente, mesmo com as lágrimas que atrapalhavam sua visão, eles ainda conseguiam notar e sentir o que o outro estava sentindo com apenas um olhar. Ele segurou a mão dela e a puxou para mais perto do seu corpo, e com muita dificuldade, com a voz trêmula e entre soluços pediu um último beijo. Ela nada falou apenas com os olhos cheios de lágrimas o beijou. Foi um beijo meio afobado, um beijo meio perdido, mas com muita ferocidade, pois sabia que seria o último. Depois daquele beijo, ele a abraçou bem forte e falou que ainda a amava. Nesse momento ela o olhou bem fundo nos olhos e notou a dor que vinha do olhar dele de encontro ao dela. Ele compreendeu ao olhar pra ela que aquilo era realmente o fim. Ele a abraçou mais uma vez, deu um beijo em sua testa, virou as costas abriu a porta e saiu andando. A partir daquele dia, ele seguiu sua vida, assim como ela seguiu a dela. As vezes eles ainda se esbarram por ai, as vezes ele ainda vem falar com ela, seja pra puxar um assunto rotineiro ou falar sobre bobeiras alheias. Mas o amor? Ah o amor, não há mais, ele morreu, o que sobrou foi o respeito, e até quem sabe uma singela amizade entre os dois.

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